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Eleição manteve o histórico de alternância do poder no país

Hoje (14), o oposicionista José Antonio Kast venceu Jeannette Jara, candidata governista, por cerca de 58% a 42%. O resultado foi antecipado por pesquisas e já ficou claro no início da apuração, confirmando uma tendência que se imaginava desde o fim do primeiro turno.

A princípio, a direita chilena se dividiu entre, basicamente, três candidaturas: Johannes Kaiser (libertário), Kast (conservador) e Evelyn Matthei (centro-direita). Na mesma noite que selou o segundo turno entre Kast e Jara, os três direitistas apareceram juntos, unidos contra a candidata de Gabriel Boric, atual presidente, a qual é filiada ao Partido Comunista do Chile.

A soma do percentual de votação dos três alcançava cerca de 49%, o que deixava Kast teoricamente muito perto da vitória. O terceiro colocado, Franco Parisi, tem um perfil outsider que, embora possa ser considerado mais à direita em alguns aspectos, não é simples de projetar como mais próximo de Kast ou da neutralidade.

O cenário apontava para uma vitória da oposição, porém com alguma incerteza em relação à vantagem que Kast obteria. Quatro anos após perder para Boric, Kast obteve uma vitória contundente e conquistou o direito de implementar suas ideias.

Jara fez a tradicional ligação em que o derrotado parabeniza o vencedor e uma conversa telefônica entre Boric e Kast foi transmitida, mostrando um nível de institucionalidade que parece distante do Brasil atual.

José Antonio Kast é o presidente eleito do Chile e não alcançou esse posto sozinho. Javier Milei, presidente da Argentina, também não. É importante evitar a percepção de que a nova direita está passando o rolo compressor sobre a esquerda, pois não é o que está acontecendo.

Nos dois casos mencionados há atores políticos relevantes que participaram da vitória, inclusive atores pertencentes à direita tradicional.

Um detalhe relevante a mencionar é que os chilenos costumam escolher alternadamente direita e esquerda. Antes de Boric o presidente foi Sebastián Piñera (direita), antes dele foi Michelle Bachelet (esquerda), Piñera outra vez e mais um mandato de Bachelet. Esta é a quinta eleição consecutiva de alternância.

Parece que a mudança é mais frequente em decorrência da proibição da reeleição. É interessante como regras eleitorais podem afetar o rumo de um país.

Um recado importante

Em seu discurso, Kast reconheceu o valor de Jara e falou, de maneira geral, sobre o respeito a quem pensa diferente. Essa é a postura que se espera de estadistas e demais líderes influentes.