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O título pode parecer contraditório, porém é possível que as pessoas avaliem o governo positivamente ao mesmo tempo em que acham que poderia ser melhor. As duas informações estão presentes num levantamento divulgado hoje (28) pelo Paraná Pesquisas.

Pela primeira vez em quase um ano, Lula registrou menos de 50% de desaprovação (49,2%). A aprovação está em 47,9%, contudo, a distância vem diminuindo nos últimos meses. Isso é especialmente importante considerando dois fatos: o presidente ficou muito tempo com a rejeição acima de 50% e estamos perto de iniciar um ano eleitoral.

A outra pergunta feita pelo Paraná Pesquisas tem a ver com o nível de interesse em mudança ou continuidade. Basicamente, os entrevistados podiam escolher entre mudança total, bastante mudança, bastante continuidade e continuidade total.

Os números são, respectivamente, 28,9%; 29%; 17,1% e 23% (2% disse não saber ou não respondeu). É como se 40% dos eleitores estivesse muito perto de apoiar Lula e quase 30% topasse uma mudança radical. A chave das eleições de 2026 está nos quase 30% que, a depender dos candidatos, pode ir para um lado ou para o outro.

Querer “bastante mudança” sugere que esses eleitores estão mais próximos da oposição, só que parte deles provavelmente votou no Lula em 2022. De maneira geral, podemos concluir que o presidente ganhará força se convencer o eleitor de que o Lula 4 será diferente do Lula 3. Da mesma forma, a oposição crescerá se convencer o eleitor de que é uma escolha segura.

Transferindo esses números para as escolhas partidárias, suponho que uma candidatura presidencial de alguém com o sobrenome Bolsonaro aproximaria da esquerda os 30% decisivos. Quanto menos bolsonarista, menos aproximação. Dessa forma, Tarcísio tem mais potencial do que Michelle e Ratinho Júnior tem mais potencial do que Tarcísio.

No campo da esquerda não há muita margem para moderação, uma vez que Lula já tem um vice mais centrista (Alckmin) e que, a essa altura do campeonato, mudanças na forma de governar são improváveis.

Para Lula, se mostrar moderado é natural. Por outro lado, a escolha de Bolsonaro pode ser arriscada ou prudente.

A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.