
O Notícias do Kira possui alguns textos que analisam as eleições de 2026. Minha conclusão sobre o pleito é que o melhor candidato a presidente, dadas as circunstâncias, é o governador do Paraná, Ratinho Junior. Isso porque tem muito de positivo a falar sobre sustentabilidade e educação, além de ser liberal na economia e, aparentemente, um bom gestor.
Vejo Ratinho Junior como alguém capaz de construir uma super frente ampla, unindo a direita e o centro. Nesse contexto, a vaga de vice-presidente fica mais disputada. Antes de comentar sobre os nomes, é importante refletir sobre o papel do vice e sobre o que pode nortear a escolha.
A única função do vice é ocupar o lugar do cabeça de chapa quando este não puder ocupar o cargo, seja em caso de viagem, prisão e outros motivos. Essa descrição diz respeito ao que é natural do cargo, mas o vice pode assumir tarefas designadas pelo cabeça, como uma secretaria ou ministério (o vice-presidente Alckmin, por exemplo, é ministro de Indústria e Comércio).
A partir daí, podemos concluir que o vice tem que ser alguém ideologicamente alinhado a ponto de substituir bem o cabeça quando for necessário e pode ser alguém que ajude a governar, seja como ministro, seja cumprindo missões sem exercer outro cargo.
Por outro lado, todos as pessoas habilitadas a cumprir tais tarefas podem cumpri-las, não apenas aquele que foi eleito vice. O presidente pode ter como articulador político um presidente de partido e fazer processos seletivos para encontrar os melhores profissionais do país para ocuparem os ministérios.
A capacidade técnica do vice deve não ser seu maior ponto positivo. Diferente da ocupação de funções ministeriais, a participação eleitoral é algo que só o vice pode fazer e apenas naquele momento. Depois da eleição, não tem volta. Por isso, entendo que o principal critério para escolher o vice deve ser o impacto eleitoral do escolhido.
Dentro da área eleitoral, há alguns pontos a se considerar. O vice pode ser parte de uma aliança partidária, uma sinalização a uma parte do eleitorado e um complemento ao cabeça de chapa.
Exemplificando: em 2022, Bolsonaro poderia escolher uma mulher, para acenar às eleitoras, um político de outro partido (talvez do União Brasil, que não foi seu aliado na campanha) e uma pessoa moderada nas palavras, que mostrasse ao povo que ele pretendia agir de forma diferente no segundo mandato.
A opção de Bolsonaro foi novamente por um general, o que atende a dois pontos importantes: lealdade (para não puxar o tapete do presidente) e disciplina (para cumprir as tarefas que forem dadas a ele). Ambas as características não são exclusivas de militares, então vejo aqui um grande erro do ex-presidente.
E quem poderia ser o vice?
Ratinho Junior tem dois pontos fracos: falta de identificação com o bolsonarismo e impopularidade no nordeste (por ser de direita, não pensando no candidato em si).
Acredito que o primeiro ponto só se tornaria um problema caso surgisse um candidato como o Pablo Marçal, resultando na divisão da direita. O segundo ponto é um problema histórico que deu vitória à esquerda em 2022 e causou a existência de segundo turno em 2018, contudo, entre 2018 e 2022 Bolsonaro aumentou sua votação.
O avanço provavelmente foi inflado pelas políticas assistencialistas do governo anterior, mas é um bom sinal para a direita. No artigo “Uma estratégia para 2026” falei sobre deixar de lado candidaturas próprias e ter pessoas menos à direita como representantes no nordeste. Ocorre que um nordestino na chapa presidencial viria a calhar também.
Mulheres votam menos na direita, então seria interessante ter uma vice. Até onde sei, a maior política nordestina da atualidade, que poderia compor com Ratinho, é Raquel Lyra (PSDB), governadora de Pernambuco.
A questão partidária pode ser solucionada com uma mudança de partido, contudo, acredito que Lyra seria muito útil permanecendo no cargo e pedindo votos para o candidato a presidente.
Voltando os olhos para homens, encontramos uma situação parecida: ACM Neto (União Brasil), ex-prefeito de Salvador e forte candidato a governador da Bahia. ACM é popular, mas também seria muito útil levando a bandeira do 55 pelo estado, que é o quarto maior colégio eleitoral do país.
Apesar de ser menos popular do que os anteriormente mencionados, entendo que o melhor nordestino para compor a chapa presidencial é a Marina Helena (Novo). Certo, ela nasceu em Brasília, mas a infância difícil em São Luís (Maranhão) é um detalhe que pode ajudar a reduzir a rejeição entre os eleitores do nordeste, embora Marina tenha feito sua vida em Brasília e em São Paulo.
Apenas isso não torna Marina Helena, pouco experiente eleitoralmente, o melhor vice possível. O grande trunfo dela é ser mais identificada com a direita, com o estilo de comportamento midiático e com a ideologia que levou parte do bolsonarismo para o lado do Marçal.
Se Marçal concorrer a presidente em 2026, o antídoto que eu escolheria é ter Marina Helena como vice de Ratinho Junior.
Cenário sem Marçal
O influenciador digital provavelmente será tornado inelegível por causa do laudo falso sobre Guilherme Boulos (Psol) que divulgou. Considerando que não haja um candidato alternativo de direita com a força que ele teve na eleição paulistana, as opções de vice se multiplicam.
Os possíveis cabeças de chapa são também possíveis vices. Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, tem a vantagem de ser popular (até onde sei) no segundo maior colégio eleitoral do país, contudo, teve a polêmica da “frente sul-sudeste contra o nordeste” e problemas midiáticos, como o aumento do próprio salário em quase 300%.
Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, é muito bem avaliado em seu estado e poderia selar uma aliança partidária, fortalecendo Ratinho e evitando que o UB divida a direita. Ele é uma escolha provável, mas parece-me que agrega pouco eleitoralmente.
O senador Ciro Nogueira (PP) poderia ajudar na articulação política, no entanto, a senadora Tereza Cristina, que é do mesmo partido, possui características mais abrangentes. Ela tem experiência no Legislativo, no Executivo e não é polêmica.
Michelle Bolsonaro é uma boa opção para atrair o bolsonarismo, todavia, imagino que a rejeição ao Bolsonaro viria junto, levando Ratinho a ter que lidar mais com os temas pandemia e vacina.
Existem mulheres de direita no Congresso, entretanto, nenhuma se destaca a ponto de parecer um nome mais forte do que os citados.
A chapa Ratinho/Tereza é, na minha opinião, a melhor escolha, só que pode ficar moderada demais. A solução para esse problema não é Caiado, Lyra, ACM ou Nogueira. Michelle e Zema poderiam resolver, mas trariam outros grandes problemas. Minha solução é a mesma para o caso de Marçal ser candidato: Marina Helena.
Claro que a escolha da chapa presidencial passa pelo comprometimento de ambos com a defesa da vida desde a concepção, a luta contra as drogas e o combate ao sistema, à velha política.
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