Governo Xerife ou Guti 3?

Divulgação/Facebook

Na última quinta-feira (25), o deputado estadual e pré-candidato a prefeito Jorge Wilson anunciou que o vice em sua chapa será, curiosamente, Professor Jesus, o atual vice-prefeito. O Xerife do Consumidor agora representa a continuidade tanto da gestão quanto do vice. Vai demorar até ele anunciar que Edmilson Americano continuará sendo secretário de Governo?

É compreensível que o pré-candidato governista exalte os feitos da gestão, mas salta-me aos olhos o jeito que o Xerife apresenta poucas propostas, centra seus discursos no passado e ressalta o apoio que recebeu do governador Tarcísio e do “sempre presidente” Bolsonaro.

O resultado é que a falta de impressão digital faz parecer que o hipotético Xerife 1 seria mais ou menos um Guti 3, projeção ressaltada pela escolha do vice. Isso não é exatamente um problema prático, pois Guarulhos tem números positivos na economia e na segurança, contudo, estaria Jorge Wilson apto a pilotar essa Ferrari eleitoral e pública?

Um defeito do pré-candidato é não ter experiência no Poder Executivo além do período como diretor-executivo do Procon-Guarulhos, segundo me consta, então a vivência do Professor Jesus como vice-prefeito e secretário de Cultura é agregadora. Por outro lado, vejo pouco ganho eleitoral.

O Republicanos, partido do Xerife e antigo partido do Professor Jesus, é ligado aos evangélicos, o que torna a escolha do vice um aceno desnecessário. Ser negro talvez ajude, entretanto, ambos parecem-me consideravelmente menos midiáticos do que o prefeito Guti, Lucas Sanches (PL) e Thiago Surfista (Novo).

Xerife, na minha opinião, não possui o carisma do padrinho municipal e sua chapa perde no mesmo quesito para a outra chapa de direita. O conjunto da obra traz à tona dois incômodos: a leve impressão digital do Xerife em sua candidatura e a ligação excessiva a um Guti que não é muito bem avaliado, segundo levantamento divulgado pelo Paraná Pesquisas em maio (47,9% de aprovação e 47,8% de desaprovação).

Surfista: o curioso caso do pré-candidato governista que entrou numa chapa de oposição. Será que demoraram para oferecer a vaga de vice a ele? Xerife/Surfista parecia ser o caminho natural, considerando as pesquisas de intenção de voto.

Por último, destaco dois detalhes problemáticos que vi na chapa gutista:

Jorge Wilson dizendo, em entrevista, “se Deus quiser, e ele quer”;

Professor Jesus brincando com o nome associado a “Podemos”, seu partido (algo do tipo “Jesus pode”).

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